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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

EVANGELHO E A BUSCA PELO PRÓPRIO INTERESSE





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"Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor; contudo, é mais necessário, por causa de vocês, que eu permaneça no corpo. Convencido disso sei que vou permanecer e continuar com todos vocês, para o seu progresso e alegria na fé, a fim de que, pela minha presença, outra vez a exultação de vocês em Cristo Jesus transborde por minha causa."

Filipenses 1:23-26 NVI.


Paulo estava preso, possivelmente em Roma, escreve a “Carta da Alegria” por volta do ano 62 d.C para agradecer a ajuda recebida e motivar os crentes em Filipos, dando testemunho da atuação e suficiência de Cristo em sua vida, mesmo em suas crises e cadeias.

Em meio as dificuldades vividas em sua própria carne, devido a prisão e obviamente o esgotamento físico, psicológico, não poucas afrontas das quais ficou sabendo de seus críticos, mesmo assim Paulo nos mostra uma visão diferente, a visão da alegria do Espírito, que possibilita ao Apóstolo fazer uma leitura diferente e profunda de suas circunstâncias e adotar uma postura íntegra e ímpar.

Calvino (1965) comenta que enquanto os incrédulos desejam a morte por estarem cansados da vida, os cristãos se apressam a ela por entenderem nela a oportunidade de estarem com Cristo. Não causa surpresa que alguém que tem a esperança na pessoa bendita de nosso Senhor Jesus Cristo (Vivendo na Carne as dores do sofrimento) deseje “desmontar a tenda e partir” ou “deseje levantar âncora”(Significado da palavra grega Analyô, traduzida como Partir), deseje o encontro com Ele e, estando com o Mestre no céu, poder viver uma vida livre dos sofrimentos na carne. Mesmo ansiando o céu e a companhia de Jesus, o que daria fim definitivo ao seu sofrimento, Paulo reflete sobre a necessidade dos Filipenses. A Igreja ainda não tinha dez anos de sua existência e certamente ainda tinha ali muitos novos cristãos precisando de nutrição espiritual e referencial cristão maduro para o processo completo de sua edificação na terra. Paulo sabia disto e considerou essa necessidade dizendo que era melhor "permanecer no corpo"(Fp. 1:24) para que os cristãos da cidade de Filipos, por meio dele, se alegrassem ainda mais em Cristo.

Nossa cultura é influenciada pelo hedonismo filosófico vivido na antiga Grécia (435-335 a.C.). A busca do prazer pelo prazer independente dos meios ou das consequências era uma marca dos antigos hedonistas. Se no meio cristão identificarmos esse tipo de cultura de fazer somente aquilo que agrada o indivíduo e não o corpo de Cristo, a busca do bel prazer e não o bem comum, essa postura irá colidir frontalmente com a verdade aqui exposta, perceberemos logo que não há como encaixar, não há comunhão com o Evangelho de Cristo vivido pelo Apóstolo. Hedonismo e Evangelho não comungam em hipótese alguma.

Paulo tinha em vista a Cristo, que se compadecia de multidões (Mt. 14:14, Mc. 6:34), o Apóstolo tinha este sentimento para com os Filipenses em detrimento do seu próprio desejo, este é o prisma do evangelho vivido por ele e nisso, imitava o Mestre Jesus. Paulo nos ensina que viver a alegria do Evangelho é se interessar pelo outro mais do que a si mesmo tendo em vista agradar ao Senhor por meio do próximo.


Certa vez li o Warren W. Wiersbe (2007) comentar que somos ora como um telescópio e ora como um microscópio. As estrelas são muito maiores que o telescópio, mas os olhos não as enxergam em sua verdadeira amplitude, o telescópio será o instrumento para ampliar e aproximar a visão das estrelas. Assim é a nossa vida, instrumento para mostrar a amplitude de Cristo a quem precisa vê-lo e deste modo ser alcançado ou edificado. De igual modo o microscópio aumenta aquilo que aos olhos normais é pequeno. Cristo é muito maior do que os olhos incrédulos podem ver e através de nossas crises Cristo é aproximado e ampliado aos olhos dos que virão a crer. Cada crise enfrentada pelo cristão é uma oportunidade de glorificar ao Nosso Senhor Jesus em todos os sentidos, precisaremos assim ver e assim proceder, o modo como você e eu lidamos com as dificuldades tornará Cristo glorificado e conhecido.


Paulo colocou sua vida a inteira disposição de Cristo tendo em vista os outros. Muitos dos que conheceram o testemunho paulino, certamente glorificaram a Deus e foram amplamente edificados. Paulo amou intensamente a Jesus, a obra de Jesus e aqueles que eram alvo desta obra.


Que a nossa vida possa ser instrumento nas mãos de Deus para glorificar a Cristo, que nossos interesses sejam moldados pela alegria do evangelho produzida pela obra de Jesus em nós.


No amor de Cristo Jesus,


Alessandro Francisco da Silva.



Referências:
CALVINO, João. Comentário de FilipensesPrimeira Edição em Português. São José dos Campos: Editora Fiel, 2010. p 30.

WIERSBE, Warren W.
 Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento Volume II1. ed. Santo André: Editora Geográfica, 2007. p 88.